sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

"A flautear em vale agreste" - Poema de William Blake


Judith Leyster (1609-1660), Jovem tocador de flauta



A flautear em vale agreste 


A flautear em vale agreste,
A flautear canção feliz,
Das nuvens uma criança
Vem sorridente e me diz:

“Toca a canção de um Cordeiro!”
Toquei-a com alegria.
“Flautista, toca de novo.”
Toquei: a chorar me ouvia.

“Deixa a flauta, a fácil flauta;
Canta os cantos de alegria.”
Cantei tudo o que tocara;
De gozo a chorar me ouvia.

“Senta-te e escreve, flautista,
Num livro, a que possam ler.”
E ela sumiu-me da vista:
E um junco então fui colher,

E fiz uma pena rude,
E manchei as águas mansas,
E escrevi minhas canções
Que hão de alegrar as crianças…
 
 
  
 
Judith Leyster, Autorretrato, aproximadamente aos seus 21 anos em 1630.
Galeria Nacional de Arte dos Estados Unidos


"Quando vozes de crianças se ouvem na relva,
E risos se ouvem nas colinas
Meu coração descansa no meu peito,
E todo o resto fica sereno."




Nelly Furtado - All Good Things (Come To An End) 


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