domingo, 4 de março de 2012

"Domingo" - Poema de Fernando Echevarria


Piodão - A Aldeia "presépio" de Portugal


Piodão - Arganil, Portugal


Piodão - Arganil, Portugal


Domingo 


Ficou-lhe a paz. Do tempo 
em que, movido o olhar à santidade, 
parávamos no campo vendo 
correr a água e adubar-se o caule 
que abrirá sua roda de sustento 
à fadiga do homem, que uma coroa de aves 
reconhece no ar, de estar aberto 
à cálida saúde da passagem. 
Depois da missa, pelo domingo adentro, 
crescia esta saudade 
fresquíssima de estarmos tão atentos 
à tarefa que, sem nós, a tarde 
cumpre na terra. E mesmo ao pensamento 
que amadurece nas árvores, 
tocadas longe, no estremecimento 
que se enreda por nós e em nós se abre. 
Ficou-lhe a paz. O doce movimento 
que nos inclina para a primeira idade.


Fernando Echevarría


Fernando Ferreira Echevarría
 

Poeta espanhol de origem portuguesa, (filho de pai português e mãe espanhola), Fernando Ferreira Echevarría nasceu a 26 de fevereiro de 1929, em Cabezón de la Sal, Santander, Espanha. Veio para Portugal ainda muito novo, tendo cursado Humanidades em Portugal, e Filosofia e Teologia em Espanha. Optou pela carreira docente, primeiro no Porto e depois, já exilado em Paris, onde passou a residir desde meados de 1966, após ter estado em Argel entre 1963-1966. Escreveu sempre em português, só ocasionalmente nas línguas castelhana e francesa, e colaborou em várias revistas como: Graal, Eros, Colóquio/Letras e Limiar. O seu primeiro livro Entre Dois Anjos foi publicado em 1956; seguiram-se-lhe: Tréguas para o Amor, em 1958, Sobre as Horas, em 1963 e Ritmo Real em 1971, que se apresentou como um livro de arte, sendo as dez gravuras originais a relevo da autoria de Flor Campino. Todos os exemplares foram assinados pela artista e pelo autor. A poesia de Echevarría insere-se na corrente antirrealista dos anos 50 do século XX, marcada sobretudo pela sensibilidade metafísica e artística e pelo "imaginismo". Pode-se aproximar Fernando Echevarría de duas tendências contemporâneas: por um lado, a do desenvolvimento de uma poesia reflexiva, a que subjaz a especulação filosófica, e que aproxima o autor de alguns colaboradores de Eros, como Fernando Guimarães ou António José Maldonado, tendência, aliás, agudizada nos últimos títulos (Introdução à Filosofia e Fenomenologia); e, por outro lado, coincidente muitas vezes com a tendência anterior, a da compreensão, na esteira do simbolismo mallarmiano, da poesia como um instrumento de conhecimento, na decifração de uma dimensão absoluta e de uma verdade metafísica que podem ser entrevistas pelo uso do símbolo na condensação intensiva de todas as irradiações significativas de certas palavras.
A sua poesia encontra-se, entre outras, nas seguintes antologias portuguesas: Antologia - Prémio Almeida Garrett de 1954, Alma Minha Gentil, Líricas Portuguesas; 20 Anos de Poesia Portuguesa; Poetas escolhem Poetas e Eros de Passagem - Poesia Erótica Contemporânea. Dos vários prémios nacionais que recebeu, destacam-se o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio António Ramos Rosa, o Prémio Fundação Luís Miguel Nava e o Prémio Dom Dinis. 

Fernando Echevarría. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-03-04]. 


A aldeia histórica de Piodão

A aldeia de xisto de Piodão, Arganil, Portugal
 

Piódão é uma  freguesia portuguesa do concelho de Arganil, com 36,36 km² de área e 178 habitantes (2011). Densidade: 4,9 hab/km². A freguesia inclui as seguintes aldeias e quintas: Piódão, Malhada Chã, Chãs d'Égua, Tojo, Fórnea, Foz d`Égua, Barreiros, Covita, Torno, Casal Cimeiro e Casal Fundeiro. 
A aldeia, de Piódão, situa-se numa encosta da  Serra do Açor. As habitações possuem as tradicionais paredes de xisto, tecto coberto com lajes e portas e janelas de madeira pintada de azul. O aspecto que a luz artificial lhe confere, durante a noite, conjugado pela disposição das casas fez com que recebesse a denominação de “Aldeia Presépio”. Os habitantes dedicam-se, sobretudo, à agricultura (milho, batata, feijão, vinha), à criação de gado (ovelhas e cabras) e em alguns casos à apicultura.
A flora é em grande parte constituída por castanheiros, oliveiras, pinheiros, urzes e giestas. A fauna compõe-se, sobretudo, de coelhos, lebres, javalis, raposas, doninhas, fuinhas, águias, açores, corvos, gaios, perdizes e pequenos roedores.
Actualmente, a desertificação das zonas do interior, afecta praticamente todas as povoações desta freguesia. As populações mais jovens emigraram para o estrangeiro ou para as zonas litorais à procura de melhores condições de vida, regressam às suas origens, sobretudo, durante as épocas festivas para reviver o passado e se reencontrarem com os seus congéneres.


Igreja de Piodão

O conjunto arquitectónico da povoação forma uma das aldeias históricas protegidas. Com efeito, recebeu, na década de 1980, o galo de prata, condecoração atribuída à "aldeia mais típica de Portugal".
Aldeia classificada é como Imóvel de Interesse Público.


Miranda Lambert - Over You



"O sábio teme o céu sereno; em compensação, quando vem tempestade ele caminha sobre as ondas e desafia o vento". 

(Confúcio)

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