domingo, 22 de abril de 2012

"Fado das mulheres de vida fácil" - Poema de José Régio


  Ben Goossens (Belgium, 1945-), Surrealist photographer


Fado das mulheres de vida fácil


Certas das ruas mais tortas,
Mais sujas, ou mais sombrias,
De qualquer pobre cidade
Tem certas velhas portas,
Janelas com gelosias,
Um ar de cumplicidade…

Qualquer centro superfino
Casas tem bem semelhantes,
Mas de bem mais aparato,
Que atraem bons visitantes
Com seu grande ar clandestino
De vício rico e recato

Ali fuma, bebem, comem,
Dormem rebanhos de estrelas
A que chão caídas hoje!
Quem lá vai…, - prova que é homem:
Prova-o servindo-se de elas;
Serve-se, paga-lhes, foge…

E homens há de toda a sorte,
Doentes de todo o mal,
Tarados de todo o vício,
Que naquele amor venal,
Filho do crime e da morte
Vão buscar gosto ou flagício.

Amor…?! Nem amor nem nada,
O mais que lá vão quaisquer
Buscar a tais labirintos
É carne martirizada
Quem nem quiseram sequer
Se lá não foram famintos.

Pois que amor darão, aquelas
Com quem nos vamos deitar
Mas mal olhamos na rua? 
 

José Régio


Imagem de Ben Goossens


"A embriaguez é a ruína da razão; é a velhice precoce; é a morte temporária."

(Bertrand Russell)


 Imagem de Ben Goossens


"Os homens nascem ignorantes, não estúpidos. Eles se tornam estúpidos pela educação."

(Bertrand Russell)


 Imagem de Ben Goossens


"Inestimável é o valor do sentimento que faz um homem e uma mulher se amarem com paixão, imaginação e ternura; desconhecê-lo é uma grande desventura."

(Bertrand Russell) 


Obra de Ben Goossens


"O mal dos tempos de hoje é que os estúpidos vivem cheios de si e os inteligentes cheios de dúvidas."

(Bertrand Russell) 

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