terça-feira, 3 de abril de 2012

"A Vida" - Poema de Florbela Espanca




A Vida 


É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia,
A gente esquece sempre o bom de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!


  in "Livro de Sóror Saudade"



 
Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de Dezembro de 1894 — Matosinhos, 8 de Dezembro de 1930),  batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade e panteísmo. Foi uma mulher à frente do seu tempo, de uma sensibilidade e de uma paixão imensa, que transpira em tudo o que escreve. E quem melhor que ela para se definir a si própria?

"Sou uma céptica que crê em tudo, uma desiludida cheia de ilusões, uma revoltada que aceita, sorridente, todo o mal da vida, uma indiferente a transbordar de ternura. Grave e metódica até à mania, atenta a todas as subtilezas de um raciocínio claro e lúcido, não deixo, no entanto, de ser um D. Quixote fêmea a combater moinhos de vento, quimérica e fantástica, sempre enganada e sempre a pedir novas mentiras à vida, num dar de mim própria que não acaba, que não desfalece, que não cansa! Toda, enfim, nesta frase a propósito de Delteil: "Très simple avec son enthousiasme à sa droite et son désespoir à sa gauche."

(Carta a Guido Battelli, 27 de Julho de 1930) 


George Dunlop Leslie painted by James Hayllar


George Dunlop Leslie (Londres, Inglaterra, 2 de julho de 1835 – Lindfield, distrito de West Sussex, Inglaterra, 21 de fevereiro de 1931), filho do artista Charles Robert Leslie (1794-1859) e sobrinho de Robert Leslie, ambos artistas, estudou na Escola de Arte de Cary, em Bloomsbury e entrou para a Royal Academy Schools em 25 de abril de 1854. 
Sua primeira exposição na Academia foi em 1859, e a partir daí, mostrou seu trabalho anualmente. 
Tornou-se um associado (ARA) em 1868 e total Académico Real (RA), em 1876. Foi também um dos principais membros do St John’s Wood – uma comunidade de artistas radicados em St John’s Wood, em Londres. 
Seus primeiros trabalhos, como "Mathilde" (1860) mostraram a forte influência dos pré-rafaelitas, mas num estilo mais académico, que, segundo ele, buscava mostrar "imagens do lado ensolarado da vida doméstica inglesa". Um dos seus quadros, inclusive, foi usado (na forma de cartaz) numa campanha publicitária de sabão. 
Leslie foi também autor e tinha vários livros publicados: "Our river" (1888), "Letters to Marco" (1893) e "Riverside letters" (1896), todos ilustrados por ele em preto e branco, com base em suas observações pessoais da vida e da natureza. 
Ele também escreveu sobre seus primeiros anos de Academia Real – "The inner life of the Royal Academy ".
 
 
Obras de George Dunlop Leslie















George Dunlop Leslie
 
 
“O livro é um pássaro com mais de cem asas para voar…” 

(Ramón Gomez da La Serna) 


 Ramón Gómez de la Serna (03 de julho de 1888, Madrid - 13 de janeiro de 1963, Buenos Aires) foi um escritor espanhol, biógrafo e crítico. 
Gómez de la Serna estudou Direito mas nunca exerceu,  dedicando sua vida à literatura, publicando o primeiro livro em 1904. Foi um precursor do surrealismo. Procurou expressar o subconsciente e retratou o homem moderno como um manequim. Inventou o gregueria, uma espécie de metáfora surrealista em forma de epigrama que combina humor e intuição poética. Duas destas coleções são a Flor de greguerias (1933) e Alguns Greguerias (tr. 1944) que tiveram uma influência significativa na vanguarda da literatura na Europa e América Latina. O cineasta Luis Buñuel foi fortemente  influenciado por ele. 
Gómez de la Serna é conhecido simplesmente como Ramón, e seu modo de expressão literária como ramonismo. Também escreveu biografias, romances e peças teatrais. 
Embora totalmente apolítico, exilou-se na Argentina em 1936 e sofreu após a queda de Perón em 1955. 
Fundou a importante revista literária Prometeo e escreveu mais de 100 livros e incontáveis ​​artigos nos principais jornais europeus e sul-americanos e revistas. Entre suas muitas obras são uma autobiografia (1948), vida de El Greco e Goya, e os romances El médico inverosimil (1921) e El torero Caracho (1926). Antologia (1955) e Obras completas (1956) são coleções posteriores de suas obras.
 

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