sábado, 5 de maio de 2012

"Gota d'água" - Poema de Martins Fontes





Gota d'água


Despertar. O dilúculo termina.
A alba rufa os tambores pelos montes...
Afã. A claridade matutina
Rasga os céus, abre novos horizontes.

Outra ilusão os ares ilumina.
Fulvo, jorrando das perpétuas fontes,
O dilúvio do sol enche a campina,
Inunda estâncias, recobrindo pontes...

Perturba o coração este epicínio!
Mas, julgando improfícuo o sacrifício,
Nestas horas de ação, formidolosas,

Gota d'água no mar da Humanidade,
Continuo a rimar na soledade,
Ouvindo estrelas, cultivando rosas.


Martins Fontes


Martins Fontes

José Martins Fontes (Santos SP, 1884 - idem 1937). Forma-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1906. No período, colabora nos jornais Gazeta de Notícias e O País, e nas revistas Careta e Kosmos, entre outros periódicos; é ainda diretor da Revista do Hospital Nacional. Trabalha no Hospital dos Alienados, no Rio de Janeiro, e integra, como médico, a Comissão de Obras que viaja ao Acre sob a direção de Bueno de Andrade. 
Em 1910 auxilia Oswaldo Cruz na campanha de saneamento do Rio de Janeiro, além de chefe da Assistência Escolar da Prefeitura. Muda-se para Paris (França) em 1914, e lá funda, com Olavo Bilac (1865 - 1918), uma Agência Americana para serviços de propaganda dos produtos brasileiros na Europa e em outros países. 
Seu primeiro livro de poesia, Verão, é publicado em 1917. Seguiram-se Marabá (1921), Arlequinada (1922), Rosicler (1928), A Flauta Encantada (1931), Paulistânia (1934), Canções do Meu Vergel (1937) e Calendário Positivista (1938), entre muitos outros. 
Sua poesia filia-se ao Parnasianismo. Segundo o poeta Cassiano Ricardo (1895 - 1974), "Martins Fontes, não obstante sua confessada obediência à técnica vigente, era um incontido, tremendamente irrequieto, curioso, novidadeiro; não aceitou a língua comum, tentou uma linguagem caracteristicamente sua, uma espécie de dialeto poético e, neste ponto, antecipou, de algum modo, a pesquisa de hoje sob o aspecto da renovação ou invenção vocabular".

Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural, Literatura brasileira




Gota de água

"Eu, quando choro,
não choro eu.
Chora aquilo que nos homens
em todo o tempo sofreu.
As lágrimas são as minhas
mas o choro não é meu. "


António Gedeão, in Movimento Perpétuo
Rómulo de Carvalho (pseudónimo  António Gedeão)




"Nada no universo é insignificante."

(Friedrich Schiller) 




"As palavras ditas sem reflexão, inspiradas pela cólera, não deitam raízes em parte alguma; porém quando sugeridas pelo ciúme alastram-se quais plantas parasitas, crescem e deitam ramagem sobre a árvore que é o coração, ensombrecendo-o." - Friedrich Schiller 


Friedrich Schiller

Johann Christoph Friedrich von Schiller (Marbach am Neckar, 10 de novembro de 1759 — Weimar, 9 de maio de 1805), mais conhecido como Friedrich Schiller, foi um poeta, filósofo e historiador alemão. Schiller foi um dos grandes homens de letras da Alemanha do século XVIII, e juntamente com Goethe, Wieland e Herder é representante do Romantismo alemão e do Classicismo de Weimar. Sua amizade com Goethe rendeu uma longa troca de cartas que se tornou famosa na literatura alemã.
 

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