segunda-feira, 14 de maio de 2012

"Madrugada em Alfama" - Poema de David Mourão Ferreira


Cidade de Lisboa, capital de Portugal



Madrugada em Alfama


Mora num beco de Alfama
e chamam-lhe a madrugada,
mas ela, de tão estouvada
nem sabe como se chama.

Mora numa água-furtada
que é a mais alta de Alfama
e que o sol primeiro inflama
quando acorda a madrugada.

Nem mesmo na Madragoa
ninguém compete com ela,
que do alto da janela
tão cedo beija Lisboa.

E a sua colcha amarela
faz inveja à Madragoa:
Madragoa não perdoa
que madruguem mais do que ela.

Mora num beco de Alfama
e chamam-lhe a madrugada;
são mastros de luz dourada
os ferros da sua cama.

E a sua colcha amarela
a brilhar sobre Lisboa,
é como a estátua de proa
que anuncia a caravela.




Amália Rodrigues - Madrugada em Alfama


“Quem sabe aproveitar a ocasião é um homem de oportunidade.”

(Johann Wolfgang von Goethe)


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