domingo, 22 de julho de 2012

"Não posso adiar o amor" - Poema de António Ramos Rosa




Não posso adiar o amor


Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração 


António Ramos Rosa,
 in "Viagem Através de uma Nebulosa"


António Ramos Rosa


Apontamento Biográfico

 
Poeta e crítico português, António Vítor Ramos Rosa nasceu a 17 de outubro de 1924, em Faro. Foi militante do Movimento de União Democrática (MUD) e conheceu a prisão política. Trabalhou como empregado de escritório, tradutor e professor.
Desenvolvendo uma importante atividade nos domínios da teorização e da criação poética, o nome de António Ramos Rosa surge ligado a publicações literárias dos anos 50, como Árvore, Cassiopeia ou Cadernos do Meio-Dia, que primaram não só por uma postura de isenção relativamente aos diversos feixes estéticos que atravessam a década de 50 (legado surrealista; evolução da poesia neorrealista, entre outros), como por um critério de respeito pela qualidade estética dos trabalhos literários publicados. São esses aliás os princípios de Árvore, revista que co-fundou, em 1951, com os poetas António Luís Moita, José Terra, Luís Amaro e Raul de Carvalho, e em cujo número inaugural subscreve, em "A Necessidade da Poesia", como imperativos da publicação a liberdade e a isenção ("Não pode haver razões de ordem social que limitem a altitude ou a profundidade dum universo poético, que se oponham à liberdade de pesquisa e apropriação dum conteúdo cuja complexidade exige novas formas, o ir-até-ao-fim das possibilidades criadoras e expressivas."), postergando apenas da aventura poética a "gratuitidade como intenção", posto que a poesia decorre de uma "superior necessidade [...] tanto no plano da criação como no da demanda social" (ibi., p. 4). Recordando a importância, na sua experiência pessoal, do encontro com os vários poetas reunidos no projeto Árvore, António Ramos Rosa revela que, sem esse estímulo, "nunca teria adquirido a confiança necessária para iniciar e prosseguir a [sua] carreira poética", salientando nessa convergência de vozes a "firme convicção de que a poesia não é o fruto de uma aventura verbal, mas uma constante inquirição do que na palavra é a dimensão do ser, ou seja, o que, transcendendo a palavra, é a palavra viva do desconhecido que a promove e que, por seu turno, é o seu incessante termo." (ROSA, António Ramos, "Um Espaço Indispensável à Poesia", in Letras & Letras, n.º 56, outubro de 1991).
De um modo geral e sucinto, a sua poesia é caracterizada por uma linhagem de um lirismo depurado, exigente, atento ao poder da palavra no conhecimento ou na fundação de um real dificilmente dizível ou inteligível.
O seu livro de poesia O Grito Claro foi publicado em 1958, sendo o primeiro de uma obra poética que ultrapassa os cinquenta títulos. É ainda autor de ensaios, entre os quais se salienta A Poesia Moderna e a Interrogação do Real (1979-1980). 
António Ramos Rosa recebeu, entre outros, o prémio Fernando Pessoa, em 1988; o prémio PEN Clube Português e o Grande Prémio de Poesia Associação Portuguesa de Escritores/CTT - Correios de Portugal, em 2006, pela obra Génese (2005); e o prémio Luís Miguel Nava (2006) pelas obras de poesia publicadas no ano anterior: Génese e Constelações.

António Ramos Rosa. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-07-20].


Galeria de John Everett Millais
John Everett Millais, Self-Portrait, 1881


John Everett Millais, Portrait of Effie Millais, 1873


John Everett Millais, Esther Millais, 1865, Private Collection


John Everett Millais, A Noiva de Lammermoor 


John Everett Millais, A girl 


John Everett Millais, The Princes in the Tower, 1878 


John Everett Millais, Vanessa, 1868 


John Everett Millais, Leisure Hours, 1864


John Everett Millais, Ophelia, 1852


John Everett Millais, Ferdinand Lured by Ariel



John Everett Millais by Lewis Carroll 
(Charles Dodgson)


SIR John Everett Millais (Southampton, 8 de Junho de 1829 — Londres, 13 de Agosto de 1896) foi um pintor e ilustrador inglês.
Fundou, juntamente com Dante Gabriel Rossetti e William Holman Hunt, em 1848, a Irmandade Pré-Rafaelita, um grupo artístico entre o espírito revivalista do romantismo e as novas vanguardas do século XX.
 

John Everett Millais, Christ in the House of His Parents, 1850


“A educação é um processo social, é desenvolvimento.  
Não é a preparação para a vida, é a própria vida.”
  
(John Dewey)
 
John Dewey (BurlingtonVermont, 20 de Outubro de 1859 — 1 de Junho de 1952) foi um filósofo e pedagogo norte-americano. 
John Dewey é reconhecido como um dos fundadores da escola filosófica de Pragmatismo (juntamente com Charles Sanders Peirce e William James), um pioneiro em psicologia funcional, e representante principal do movimento da educação progressiva norte-americana durante a primeira metade do século XX. Foi também editor, contribuindo na Enciclopédia Unificada de Ciência, um projeto dos positivistas, organizado por Otto Neurath. 
Em 1907 participou da Comunidade Helicon Hall, em Englewood, New Jersey. Entre suas obras se destacam The School and Society (1899; "A Escola e a Sociedade") e Experience and Education (1938; "Experiência e Educação").

Sem comentários: