domingo, 7 de abril de 2013

"Fraternidade" - Poema de Miguel Torga


Wilfrid Gabriel de Glehn (Impressionist British painter, 1870-1951), Night



Fraternidade


Não me dói nada meu particular.
Peno cilícios da comunidade.
Água dum rio doce, entrei no mar
E salguei-me no sal da imensidade.

Dei o sossego às ondas
Da multidão.
E agora tenho chagas
No coração
E uma angústia secreta.

Mas não podia, lírico poeta,
Ficar, de avena, a exercitar o ouvido,
Longe do mundo e longe do ruído.


Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'



Galeria de Wilfrid Gabriel de Glehn
Wilfrid Gabriel de Glehn, Dance of the Nymphs (The Landing Place) Corfu, 1910



Wilfrid Gabriel de Glehn, The Mill Pond at Poltesco, Ruan Minor, Cornwall


Wilfrid Gabriel de Glehn, Sun breaking through Clouds, Granada, 1912


Wilfrid Gabriel de Glehn, In the Shadows, Versailles, 1918


 Wilfrid Gabriel de Glehn, Notre Dame de Paris - Sunrise


Wilfrid Gabriel de Glehn, The Statue of Vertumnus, Frascati, 1907 


Wilfrid Gabriel de Glehn, The French Pavilion, Parc du Château de Versailles


Wilfrid Gabriel de Glehn, Uma porta veneziana, 1913
 


O Medo do Aborrecimento


"O género de aborrecimento de que sofre a população das cidades modernas está intimamente ligado à sua separação da vida da Terra. Essa separação torna o seu viver ardente, poeirento e ansioso, tal como uma peregrinação no deserto. Nos que são suficientemente ricos para escolher o seu género de vida, o estigma peculiar de insuportável aborrecimento que os distingue é devido, por muito paradoxal que isso possa parecer, ao seu medo do aborrecimento. Ao fugirem do aborrecimento que é fecundo, são vítimas de outro de natureza pior. Uma vida feliz deve ser, em grande medida, uma vida tranquila, pois só numa atmosfera calma pode existir o verdadeiro prazer."

Bertrand Russell, in "A Conquista da Felicidade"



Bertrand Russell
Inglaterra
1872 // 1970
Filósofo, Matemático, Crítico social, Escritor


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