quarta-feira, 8 de maio de 2013

"Nevermore" - Poema de Paul Verlaine

 
 
Albert Edelfelt (Finnish-Swedish painter, 1854-1905), Idyll, 1878
 


Nevermore


Ah, lembrança, lembrança, que me queres? O Outono
Fazia voar os tordos pelo ar desmaiado
E o sol dardejava um monótono raio
No bosque amarelado onde a nortada ecoa.

A sonhar caminhávamos os dois, a sós,
Ela e eu, pensamento e cabelos ao vento.
De repente, fitou-me em olhar comovente:
«Qual foi o teu mais belo dia?» disse a voz

De oiro vivo, sonora, em fresco timbre angélico.
Um sorriso discreto deu-lhe a minha réplica
E então, como um devoto, beijei-lhe a mão branca.

— Ah! as primeiras flores, como são perfumadas!
E como em nós ressoa o murmúrio vibrante
Desse primeiro sim dos lábios bem-amados!


Paul Verlaine (Poeta francês, 1844-1896), in "Melancolia"
Tradução de Fernando Pinto do Amaral


Albert Edelfelt, Playing the Piano, 1884,  Gothenburg Museum of Art  
 

"O verdadeiro nome do amor é cativeiro." 

(William Shakespeare)

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