terça-feira, 4 de março de 2014

"O Espírito" - Poema de Natália Correia


Henri Rousseau, A Carnival Evening, 1886, Philadelphia Museum of Art



O Espírito


Nada a fazer, amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas;

E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.

Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:

Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto. 


Natália Correia
, Sonetos Românticos, 1990



Galeria de Henri Rousseau
(Arte Naïf) 
 
Henri Rousseau, A Guerra, 1894, Óleo sobre tela, 114 x 195 cm, Paris.


Henri Rousseau, A Encantadora de Serpentes, 1907,
óleo sobre tela - 189 x 169 cm, Musée d'Orsay (Paris, France)



Henri Rousseau, View of the Bridge in Sevres and the Hills of Clamart, 
Saint-Cloud and Bellevue with biplane, balloon and dirigible, 1908


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