terça-feira, 27 de maio de 2014

"Estar só é estar no íntimo do mundo" - Poema de António Ramos Rosa


William  Coldstream, Colin St John Wilson (1922–2007), 1982-3

[Sir Colin Alexander St John Wilson, FRIBA, RA, (14 March 1922 – 14 May 2007) was a British architect, lecturer and author. He spent over 30 years progressing the project to build a new British Library in London, originally planned to be built in Bloomsbury and now completed near Kings Cross.]
 


Estar só é estar no íntimo do mundo


Por vezes cada objeto se ilumina
do que no passar é pausa íntima
entre sons minuciosos que inclinam
a atenção para uma cavidade mínima
E estar assim tão breve e tão profundo
como no silêncio de uma planta
é estar no fundo do tempo ou no seu ápice
ou na alvura de um sono que nos dá
a cintilante substância do sítio
O mundo inteiro assim cabe num limbo
e é como um eco límpido e uma folha de sombra
que no vagar ondeia entre minúsculas luzes
E é astro imediato de um lúcido sono
fluvial e um núbil eclipse
em que estar só é estar no íntimo do mundo


António Ramos Rosa, 
in "Poemas Inéditos"


William Coldstream, View from Kitchen Window, Cannon Hill, 1947


William Coldstream, Orange Tree I, 1974-5


William Coldstream, Orange Tree
 

William Coldstream, Lords and Ladies


William Coldstream, Window in Hampstead, 1981-2


 "Acho que a primeira prova da grandeza de um homem é a sua humildade."

 (John Ruskin) 

- I believe the first test of a truly great man is his humility


- The True and the Beautiful in Nature, Art, Morals, and Religion‎
- Página 338, de John Ruskin, L. C. Tuthill
- Publicado por John Wiley & Son, 1867 - 452 páginas



William Coldstream, Westminster IX, 1982


"A arquitetura é a arte que dispõe e adorna de tal forma as construções erguidas pelo homem, para qualquer uso, que vê-las pode contribuir para sua saúde mental, poder e prazer."

(John Ruskin) 

- architecture is the art which so disposes and adorns the edifices raised by man, for whatsoever uses, that the sight of them may contribute to his mental health, power, and pleasure.
 
- The Seven Lamps of Architecture
‎ - Página 7, de John Ruskin
- Publicado por Wiley, 1865 - 186 páginas


John Ruskin, Autorretrato


John Ruskin (Londres, 8 de fevereiro de 1819 – 20 de janeiro de 1900) foi um escritor mais lembrado por seu trabalho como crítico de arte e crítico social británico. Foi também poeta e desenhista. Os ensaios de Ruskin sobre arte e arquitetura foram extremamente influentes na era Vitoriana, repercutindo até hoje.
O pensamento de Ruskin vincula-se ao Romantismo, movimento literário e ideológico (final do século XVIII até meado do século XIX), e que dá ênfase a sensibilidade subjetiva e emotiva em contraponto com a razão. Esteticamente, Ruskin apresenta-se como reação ao Classicismo e com admiração ao medievalismo. Na sua definição de restauração dos patrimónios históricos, considerava a real destruição daquilo que não se pode salvar, nem a mínima parte, uma destruição acompanhada de uma falsa descrição.
A partir de 1851, foi um defensor inicial e patrono da Irmandade Pré-Rafaelita, inspirando a criação do movimento Arts & Crafts.

"Podemos viver sem a arquitetura de uma época, mas não podemos recordá-la sem a sua presença. Podemos saber mais da Grécia e de sua cultura pelos seus destroços do que pela poesia e pela história.
Deve-se fazer história com a arquitetura de uma época e depois conservá-la. As construções civis e domésticas são as mais importantes no significado histórico. A casa do homem do povo deve ser preservada pois relata a evolução nacional, devendo ter o mesmo respeito que o das grandes construções consideradas por muitos importantes. Mais vale um material grosseiro, mas que narre uma história, do que uma obra rica e sem significado. A maior glória de um edifício não depende da sua pedra ou de seu ouro, mas sim, do fato de estar relacionada com a sensação profunda de expressão. Uma expressão não se reproduz, pois as ideias são inúmeras e diferentes os homens; segundo os objetos de diferentes estudos, chegar-se-ia a inúmeras conclusões. A restauração é a destruição do edifício, é como tentar ressuscitar os mortos. É melhor manter uma ruína do que restaurá-la." -
John Ruskin

A influência de Ruskin vai além do campo da história da arte. Leo Tolstoy descreveu Ruskin como "um desses homens raros que pensam com seu coração". Marcel Proust era um entusiasta de Ruskin e traduziu sua obra para o francês. O Mahatma Gandhi disse que Ruskin foi a maior influência em sua vida. 
O livro The Darkening Glass (Columbia UP, 1960) é tido como a "obra definitiva sobre Ruskin no século XX", escrita pelo professor de Columbia John D. Rosenberg, acompanhado de sua antologia de Ruskin, The Genius of John Ruskin.
Outra obra de grande importância é a biografia em dois volumes de Tim Hilton: John Ruskin: The Early Years (Yale University Press, 1985) e John Ruskin: The Later Years (Yale University Press, 2000).
Ruskin também viria a ser a faísca que iria incendiar o espírito da vanguarda do século XX que viria a buscar a completa renovação do ornamento e das formas da arte decorativa, que teria a Art Nouveau como resultado final, e em seguida, o modernismo

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