domingo, 22 de junho de 2014

"Ser é Escolher-se" - Texto de Jean Paul Sartre





Ser é Escolher-se 


"Para a realidade humana, ser é escolher-se: nada lhe vem de fora, nem tão pouco de dentro, que possa receber ou aceitar. Está inteiramente abandonada, sem auxílio de nenhuma espécie, à insustentável necessidade de se fazer ser até ao mais ínfimo pormenor. Assim, a liberdade não é um ser: é o ser do homem, quer dizer, o seu nada de ser. (...) O homem não pode ser ora livre, ora escravo; ele é inteiramente e sempre livre, ou não é."

Jean-Paul Sartre, in 'O Ser e o Nada'


Jean-Paul Sartre 


Escritor e filósofo francês, Jean-Paul Charles Aymard Sartre nasceu a 21 de junho de 1905, na cidade de Paris. Filho de um oficial da marinha que morreu quando Sartre era ainda criança, mudou-se com a mãe, sobrinha-neta do famoso médico e escritor Albert Schweitzer, para junto do avô.
A família partiu para La Rochelle em 1917, por ocasião do casamento da mãe em segundas núpcias. Após ter frequentado o Lycée Louis-le-Grand, licenciou-se pela Ècole Normale Supérieure em 1929, onde conheceu Simone de Beauvoir, que se viria a tornar na sua companheira. A partir de 1931 trabalhou como professor, tendo a possibilidade de viajar pelo Egito, Grécia, Itália e Alemanha, onde estudou a filosofia de Edmund Husserl Martin Heidegger.
Em 1938 publicou o seu primeiro romance, La Nausée (A Náusea), em que exprimia de forma pessimista a sua constatação do absurdo da vida, e o consequente ateísmo. No ano seguinte, e com a deflagração da Segunda Guerra Mundial foi engajado para o serviço militar em 1939, mas foi capturado pelos alemães ao fim de um ano e libertado em 1941. Juntou-se então à Resistência, e contribuiu para publicações periódicas como Les Lettres Françaises e Combat. Em 1943 publicou a sua primeira peça de teatro, Les Mouches (As Moscas), escrita em moldes da tragédia grega e recorrendo à temática da sua mitologia, e em que procura afirmar a doutrina do existencialismo, de que a responsabilidade dos atos do indivíduo recai sempre sobre si mesmo, e constitui o melhor exercício da liberdade.
Com o armistício fundou uma revista, a Les Temps Modernes, de teor literário e político. Decidiu então dedicar-se inteiramente à escrita e às atividades políticas marxistas. Em 1946 apareceu o seu estudo, L'Existencialisme Est Un Humanisme, uma espécie de manifesto da filosofia existencialista, e La Putain Respectueuse. Les Mains Sâles (As Mãos Sujas) foi publicado em 1948.
Visitou a União Soviética após a morte de Estaline, ocorrida em 1953, mas a azáfama política esgotou-o ao ponto de ter de ser internado durante dez dias num hospital. Defendeu a causa da liberdade do povo húngaro em 1956 e da do checo em 1968.
Foi galardoado com o Prémio Nobel de Literatura em 1964, mas recusou a honra como forma de protesto contra os valores da sociedade burguesa. Uma organização terrorista contra a independência da Argélia colocou duas bombas no seu apartamento, uma em 1962 e outra no ano seguinte.
Foi presidente do tribunal criado por Bertrand Russell para julgar a conduta militar norte-americana na Indochina em 1967. Apoiou vivamente os acontecimentos do 'maio de 68'. Em 1970 foi detido pela polícia por vender propaganda maoista, na época proibida em França.
Um surto de glaucoma foi prejudicando gradualmente a sua visão, a partir de 1975, até o ter cegado quase completamente no fim da sua vida, que ocorreu a 15 de abril de 1980 em Paris, devido a problemas pulmonares.

Jean-Paul Sartre. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-06-22].


Achrioptera fallax


Bicho-pau-azul (Achrioptera fallax) nativo de Madagáscar. Os machos chegam a medir 13 cm, têm uma cor profunda azul, com espinhos da cor laranja e são braquípteros (possuem asas vestigiais que não servem para voar), enquanto as fêmeas são maiores, medindo cerca de 18 cm e são acastanhadas. Alimentam-se de folhas de algumas árvores, como eucalipto e carvalho.


Achrioptera fallax


"Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo."

(Jean-Paul Sartre)


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