quinta-feira, 3 de julho de 2014

"Este é um dos Lugares" - Poema de José Bento


Joaquín Sorolla y Bastida, "La siesta en el jardin", 1904



Este é um dos Lugares


 Este é um dos lugares (ou parte alguma?) 
que nunca esperei ocupar ou ver sequer; 
alheio em tudo, igual a tantos outros 
que breves soube e de que nada guardo. 
Um só espaço em verdade me pertence, 
- meu berço, meu texto, meu legado: 
a casa que é a mãe e viverá 
enquanto eu não abdique do seu sangue. 
Lá estou e serei: sou as paredes, 
a escuridão que a procura e adormece, 
sublimando-a tanto como a luz, 
trave do seu lar frio e seu apelo, 
pelas janelas vendadas defendida. 
Batei à porta, chamai do seu jardim 
devastado até não me ser senão lembrança: 
lá dentro, responderei, embora aqui, 
desde sempre à espera de ninguém. 


José Bento, 
in 'Silabário', 1992


Joaquín Sorolla, Autorretrato, Museu Sorolla - Madrid


Joaquín Sorolla y Bastida (27 de Fevereiro de 1863, Valência - 10 de Agosto de 1923, Cercedilla), foi um pintor espanhol. Sua obra tem sido rotulada como impressionista, pós-impressionista e Luminista.
Sua formação académica foi realizada na Escola de Belas Artes e, em 1889, mudou-se para Madrid. Um ano antes, casou-se com Clotilde García del Castillo, com quem teve duas filhas e um filho. 
Em 1894 viajou até Paris, onde desenvolveu seu peculiar estilo pictórico. 
Começou a pintar ao ar livre, dominando com maestria a luz e combinando-a com cenas quotidianas e paisagens da vida mediterrânea. 
Depois de muitas viagens pela Europa e América, onde realizou diversas exposições de destaque, foi reconhecido internacionalmente.


Joaquin Sorolla, "Beach at Valencia", 1908.


Em 1911, assinou um contrato com a Hispanic Society of America para a realização de um enorme painel mural, de 3.5m de altura por 70m de comprimento. Este projeto, ao qual se dedicou entre 1913/1919, tornou-se um grande monumento de celebração ao seu país natal, com representações características de diversas províncias espanholas.
 

Joaquín Sorolla, Retrato de Raquel Meller, 1918.


Conhecido como o Pintor da Luz, foi o mais prolífico dos pintores  espanhóis, com mais de 2 200 obras em seu poder. Foi um retratista notável e, entre essas obras, deve-se ressaltar o retrato de Juan Ramón Jiménez (Nobel de Literatura,1956).


Joaquín Sorolla, Retrato de Juan Ramón Jiménez, 1903 


Em 1920, enquanto pintava, sofreu um colapso que afetou drasticamente suas capacidades, vindo a falecer três anos depois. Após sua morte, foi criado o Museu sediado na casa onde viveu a partir de 1911, graças ao esforço e desejo de sua mulher, que em seu testamento ditado em 1925, ofereceu ao Estado Espanhol todos os bens da família, incluído a coleção de quadros pintados pelo artista.


Joaquín Sorolla, "My Wife and Daughters in the Garden", 1910.


Joaquin Sorolla, "Walk on the Beach", 1909. Sorolla Museum, Madrid


"Custa tanto escrever um bom livro como um mau livro; mas só merece respeito a Arte que é em nós uma imposição, um destino, um fogo inconsumível de espírito, ainda que a obra, relativa à nossa exigência, nos pareça medíocre." 



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