quarta-feira, 3 de maio de 2017

"Pequenina" - Poema de Antero de Quental


Edwin Henry Landseer (1802–1873), Saved, 1856
(A Landseer Newfoundland dog, the breed Byron eulogized)



Pequenina


Eu bem sei que te chamam pequenina 
E ténue como o véu solto na dança, 
Que és no juízo apenas a criança, 
Pouco mais, nos vestidos, que a menina... 

Que és o regato de água mansa e fina, 
A folhinha do til que se balança, 
O peito que em correndo logo cansa, 
A fronte que ao sofrer logo se inclina... 

Mas, filha, lá nos montes onde andei, 
Tanto me enchi de angústia e de receio 
Ouvindo do infinito os fundos ecos, 

Que não quero imperar nem já ser rei 
Senão tendo meus reinos em teu seio 
E súbditos, criança, em teus bonecos! 


Antero de Quental, in "Sonetos"

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